OS FEITOSAS E O SERTÃO DOS INHAMUNS: A HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA E UMA COMUNIDADE NO NORDESTE DO BRASIL – BILLY JAYNES CHANDLER
O norte americano Billy Jaynes Chandler era um doutorando em história pela Texas A & University, tendo despertado seu olhar para o Brasil, como campo de estudo, em 1963, durante o curso de Introdução à Língua Portuguesa na Universidade da Flórida, pois era pré-requisito para o doutorado pretendido.[12]
Inicialmente o autor cogitou o México para servir-lhe de objeto para a dissertação, contudo, durante um curso de Sociologia ministrado pelo Dr. José Arthur Rios, professor visitante da Universidade da Flórida, Chandler fora dissuadido, e terminou optando pelo Brasil.[13]
Segundo o próprio autor, o Brasil oferecia outros tópicos de maior relevo do que os Inhamuns, porém Chandler queria familiarizar-se “com um aspecto mais amplo ou pelo menos diferente da vida brasileira.” Sendo seu objetivo estudar “uma comunidade fiel às tradições”, isolada ou isenta dos avanços do século XX, “onde tudo fosse como antigamente”.[14]
Logo, em face desse anseio por um corpo social que fosse culturalmente mumificado, o Ceará apresentou-se bastante adequado, segundo a indicação do professor Rios.
A região dos Inhamuns foi escolhida depois de leituras adicionais, porque, conforme Chandler, esse espaço sertanejo caracterizava-se por ser uma “área rural, isolada e tradicional”, além disso, também era “a terra de uma numerosa família que mais de uma vez atraíra a atenção local e até do País inteiro”.[15]
Desta forma, depois da escolha, partiu para aquele rincão, chegando em novembro de 1965, onde foi ciceroneado gentilmente pelos filhos daquele sertão. Por isso ficando o autor admirado e agradecido pela gente que o hospedou e conduziu pelas sendas dos Inhamuns, citando-se Antônio Gomes de Freitas, Antônio Teixeira Cavalcante, Lourenço Alves Feitosa, Aramando Arrais Feitosa etc.[16]
A obra, publicada no Brasil no ano de 1981, é considera a segunda[17] a ser forjada em moldes de verdadeira ciência, pois, em sendo tese de doutoramento em história, consubstanciou a aplicação do método científico frente a antigos fatos registrados nos alfarrábios e na oralidade. O estudo é considerado suficientemente amplo por compreender aspectos administrativos, econômicos e políticos.
A análise recai sobre o início da colonização em 1700, e vai até o ano de 1930, considerado como marco final da perda do poder hegemônico dos Feitosa sobre grande parte dos Inhamuns.
Paralelamente sob a ótica do conflito entre o público e o privado, esquadrinha as instituições sociais, sobretudo a família, e a sua relação com o poder estatal. Igualmente identificando causas e consequências, do apogeu ao declínio político-econômico, dos Feitosa no seu feudo continental.
Assim, parece que o declínio relativo dos Feitosas foi acelerado por dois fatores: a importância que davam às prestigiosas atividades pecuárias, mesmo quando outros haviam conseguido constituir uma base econômica mais sólida através da agricultura, e a destruição periódica de seus únicos recursos produtivos – os rebanhos de gado – pelas secas (Billy Jaynes Chandler)[18]
FONTE: http://estoriasehistoria-heitor.blogspot.com/2012/12/livros-em-que-familia-feitosa-e-tema.html
Para homenagear o Nordeste, fizemos uma lista com 9 livros que retratam a região.
Por Katiuscia Leite.
1. O Sertanejo
Um dos fundadores do romance brasileiro, o cearense José de Alencar escreveu uma série de livros sobre tipos característicos do país. O Sertanejo, de 1875, conta a história do vaqueiro Arnaldo Loureiro, personagem que luta pelos seus ideais e pelo amor de Dona Flor. Neste romance, Alencar descreve a paisagem do sertão nordestino na região de Quixeramobim (CE).
2. Os Sertões
Marco da literatura brasileira, Os Sertões foi escrito não por um nordestino, mas pelo fluminense Euclides da Cunha. O livro, publicado em 1902, retrata o conflito real ocorrido no arraial de Canudos, na Bahia, quando forças da recém-fundada República brasileira lutaram para acabar com a comunidade que se formou em torno do beato Antonio Conselheiro, num dos momentos mais sangrentos da História do Brasil.
3. A Bagaceira
Primeiro romance daquele que seria chamado de regionalismo nordestino, A Bagaceira, de 1928, é situada num período de seca. Conta a história de Valentim Pereira, obrigado a migrar com sua família do sertão para a região dos engenhos. Sobre seu autor, José Américo de Almeida, João Guimarães Rosa disse que "abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro".
4. O Quinze
Este livro retrata uma das piores secas da história do sertão, a de 1915. A autora, Rachel de Queiroz, situa a narrativa em dois planos em que são contadas as histórias da professora Conceição, que vive caso de amor com o criador Vicente, e a de Chico Bento, obrigado a migrar a pé com a família do sertão de Quixadá para a capital, Fortaleza. Essas histórias, contadas em uma prosa simples e comovente, fizeram com que o romance de 1930 se tornasse um dos clássicos da literatura brasileira.
5. Menino de Engenho
Neste romance de José Lins do Rego, Carlinhos, a personagem principal, conta sua história vivida nos engenhos nordestinos, com costumes e tradições diferentes do Recife, onde começa a narrativa. O menino se encanta com o campo e fica marcado com o ambiente local e com acontecimentos como a chegada de um cangaceiro, histórias contadas por negras escravas sobre a viagem até o Brasil e lendas de lobisomem. A obra foi publicada em 1932.
6. Capitães da Areia
Escrito pelo baiano Jorge Amado, este romance retrata a vida de crianças desamparadas e relegadas a um destino incerto. Para sobreviver, aplicam pequenos golpes pelas ruas de Salvador. Quando lançado, em 1937, o livro teve exemplares queimados em praça pública por determinação do regime da época, o Estado Novo.
7. Vidas secas
Mais um marco da literatura brasileira, Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos, foi publicado em 1938. Conta a história de Fabiano e sua família, que de tempos em tempos são obrigados a se mudar de regiões castigadas pela seca. A secura do ambiente e das personagens é acentuada pelo estilo do autor, que se tornou característico.
8. Auto da Compadecida
Auto da Compadecida, de 1955, conta as aventuras dos amigos Chicó e João Grilo, que lutam para sobreviver em meio ao ambiente opressivo do sertão. Seu autor, o paraibano Ariano Suassuna, recorreu à forma teatral medieval (o auto) para retratar as características do sertão, incluindo na comédia elementos da literatura de cordel.
9. Cante lá que eu Canto Cá
A poesia de cordel é, sem dúvida, uma das principais manifestações da cultura nordestina. E Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, um de seus maiores representantes. Este livro, de 1974, mostra o cantador no auge de sua forma lírica.