9 coisas que só quem é de Tauá conhece
Em meio ao diverso bioma e aos inúmeros cartões-postais que há em Tauá, cedi a maior beleza desse meu lugar: a sua gente.
1 – O serrote do Quinamuiú
Em Tauá, conheci o Franzé Mota: músico, intérprete, agente comunitário de saúde e que tem como hobby escalar e fotografar o serrote do Quinamuiú. Certa vez subimos juntos (na companhia da prima Pérola Custof) para assistir ao nascer do dia lá de cima. E foi mágico. Foi incrível! Sentir um vento gelado no rosto e na alma fez bem demais a quem tem o juízo tostado diariamente pelo solzão desse sertão! Eu já havia subido o serrote na adolescência e sabia que seria interessante, mas com Franzé foi muito diferente. Primeiro, porque ele é uma espécie de Guia-Guardião que não só conhece o Quinamuiú como a palma de sua mão; segundo, porque ele nos inspira a ter mais cuidado com ele.
2 – Conversas sertanejas
Foi em Tauá que realizei minha pesquisa de mestrado e pude conhecer bem de perto cinco sertanejos que vivem na zona rural e seus cotidianos: Sr. Maurílio Loiola, Sra. Branca Gomes, Sr. Chico do Berto, Sr. Chico Lopes e Sra. Raimunda Coutinho. Senhoras e senhores com mais de cinquenta anos de idade e que são em si, cada um, enciclopédias sertanejas. Naquela ocasião, buscara apreender como esses sujeitos faziam uso de suas temporalidades corriqueiras e então vos digo que conversar com eles foi um enorme aprendizado que carregarei para sempre! Valorizam o tempo! Celebram a vida! Sabem muitas histórias. Sentar com cada um deles me rendeu conhecimento e sabedoria valiosos. E quer saber? Eles certamente pararão o que estiverem fazendo para nos dar atenção, café, chá e um punhado de prosa sem fim…
3 – Uma terra de museus
É de Tauá a Salete Vale, senhora educada que realiza visitas guiadas ao Museu Regional dos Inhamuns e ao Museu do Cólera. Lugares imprescindíveis de se apreciar – apesar de ainda ter muitos tauaenses que não conhecem. No primeiro, que se localiza num prédio antigo onde funcionou a Cadeia Pública, se encontram relíquias dos povos negros e indígenas que habitaram a região dos Inhamuns, assim como outros registros dos costumes sertanejos. No segundo, o prédio foi construído especialmente para habitá-lo, localizado numa charmosa praça. Nele, se pode ter acesso às notas sobre essa doença que causou a morte de tantas pessoas. São registros, cartas e receitas médicas que ajudam a contar esse capítulo da história de Tauá.
4 – Correr no Parque da Cidade
No final da tarde, gosto muito de levar Malu, minha filha de três anos, ao Parque da Cidade. Dificilmente vamos sozinhas. A gente convida os amigos e os primos para sentar no Art Café e curtir uma boa música, bater papo, dar mil gargalhadas e correr, sim, porque criança adora correr! E se o Bruno Monteiro estiver por lá, aí você conversa com ele sobre arte, cultura, cinema, sertão, fotografia, até…
5 – A história em forma de arte
Aqui, há o Radir Rocha, um cidadão tauaense de coração. O cara sabe demais sobre cultura popular sertaneja e vem tentando transmitir seu conhecimento por meio do teatro, quadrilhas juninas e das rimas. Vale sempre muito a pena conversar com ele!
6 – As redes de seu Chico
O povo de Tauá também é fazedor de artesanato! Vixe! Há muitos artesãos por aqui! Agora mesmo me vem em mente o Sr. Chico, deficiente visual, que, com a ajuda de sua família, faz e comercializa belas redes. Ele circula a cidade inteira fazendo seu marketing.
7 – Os tesouros de Tauá
Ah! E os tauaenses fazem manualmente o melhor queijo de coalho do mundo! E fazem a melhor manta de carneiro do mundo! E não sou só eu quem afirma, meus caros, também afirmam os visitantes que se rendem aos nossos sabores e levam quilos e mais quilos no retorno aos seus destinos. Sim, nós tauaenses gostamos demais de comer peixe. Tilápia é o que mais vejo por aqui.
8 – Viver em Tauá
Morando em Tauá, não me canso de cutucar os amigos para redescobrirmos a razão de estarmos aqui e de sermos sertanejos. Não é simples viver sob o calor médio de trinta e três graus durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano! A claridade irrita os olhos. A poeira incomoda. O calor irrita. A falta de água muitas vezes diminui até os nossos sonhos. No entanto, é aqui que vivemos. E então temos uma responsabilidade imensa de conviver com todas essas adversidades, conviver da melhor maneira possível, certamente contando com o que há de mais genuíno: a sabedoria dessa gente.
9 – Vem pra Tauá!
Sempre que posso, convido alguém para vir a Tauá e descentralizar o olhar. Simplesmente porque sinto um enorme prazer em dividir, com pessoas de outros mundos, o encanto e o misticismo que tem essa terra. Nos pequenos lugares há de tudo. E não somos a parte mais isolada do país, nem somos “os coitados”, há tempos que não vestimos mais essa carapuça!
O melhor de Tauá, na minha opinião, é esse caldeirão fervente e incessante de ideias.
Por Dauana Vale aqui no link